A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas.
Mariana, a filha mais nova do meu tio mais jovem, foi diagnosticada há duas semanas com leucemia, na última quarta-feira sofreu um derrame cerebral e não resistiu. Com apenas 20 anos ela nos deixou. Convivi pouco com a Mariana, quando a vovó morreu acabamos nos distanciando, já que a família do tio Henrique mora longe. Lembro dela bem pequenininha e há uns 3 anos nos reencontramos no Rio e, fiquei surpreendida com a moça linda, forte e gentil em que ela tinha se transformado. Meu coração fica apertado e não consigo segurar as lágrimas ao pensar na dor dos pais e irmãos da Mariana. A vida é um mistério, às vezes, tão difícil de compreender. Conversei com algumas amigas sobre a morte nos últimos dias, sim, precisamos falar sobre ela. Porque ninguém sairá vivo desta vida. Encontrei um texto que acalmou um pouco meu coração. Irei compartilhar parte dele aqui:
"Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram. Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: Já se foi. Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha, quando estava próximo de nós. Continua tão capaz, quanto antes, de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: Já se foi, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: Lá vem o veleiro. Assim é a morte. Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: Já se foi. Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso lado. Conserva o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita no outro lado. A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza não dá saltos. A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada. Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro, partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da Imortalidade que somos todos nós".
Ah!!! Precisamos de coragem para viver. Neste mesmo dia que aconteceu o velório da Mariana, plantamos o jacarandá do meu padrinho. A semente foi plantada no final de 2020 nutrida pelas cinzas do tio Roberto. Foi uma cerimônia linda e alegre onde, juntos, celebramos a vida do grande homem que foi o Cocada do meu coração.
Caminhar e escrever me ajudam a viver melhor.
Na galeria abaixo: Fotos do plantio do Jacarandá, da caminhada de hoje e do último encontro com a Mariana.
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